POEMA DE AMOR MAIOR

Deus, Pai querido, como filha, venho à altíssima presença Tua, rogar me concedas receber, como legado, porção de Tuas divinas letras para ofertá-las a almas queridas, em forma de poema de amor maior...

Deixa-me, para tanto, ainda daqui, de longe, contemplar a Tua Face complacente e amorosa, a fim de que eu adquira asas angelicais que me façam ascender a um dos Teus céus, àquele que me permitas...

Lá estarei para que, buscando a luz da intuição, eu possa, com a Tua bênção, adentrar o Reino de Euterpe, visitando suas paragens, procurando e haurindo poesia, sempre sob a Tua benfazeja sombra de amor e luz...

Quero lá chegar, perfumada com incenso e mirra, imersa em luz divina, por misericordioso empréstimo de Maria Santíssima, a Excelsa Rainha, a quem ofertarei perfumosas rosas brancas que, espontaneamente, me chegam às mãos...

Então, em seara de sensibilidade e imaginação, permito-me ousar dizer que já me encontro contemplando o Deus Altíssimo e habitando sob Sua sombra, como no salmo 90 (91), sendo-me razão de declamar O Senhor é meu refúgio...

Em meio a tanto esplendor, olho em bandeja de ouro, que me foi apresentada por seres angelicais, algumas letras luminosas, dispostas em lindo e mágico poema de divinal amor!

Toquei-as. Guardei-as na mente e no coração, que se abriu, doce, para recebê-las. E a Sublime Realeza ali, naquele céu, já se formara com imensa e indulgente compaixão...

Maria, Rainha dos Anjos, do Céu e da Terra, regalou-me o coração, com o mágico toque de seu cetro, retirando de minh’alma amargas lembranças, substituindo-as por sentimentos de esperança e amor...

Seus súditos, aqueles ritualisticamente sagrados Cavaleiros da Rainha, diziam-me com firmeza e amor, para trabalhar, amar e perdoar e também buscar a íntima realização pelo caráter e pela cultura...

E chegado foi o momento da despedida daquele mundo maravilhoso da espiritualidade, onde eu estivera mercê de divina misericórdia. Acordes da música das esferas ainda se faziam audíveis, como fundo musical de mântricos poemas...

Aqui estou, de retorno à querida Mãe Terra, dadivosa, que me acolheu ao nascer e ainda me alimenta, retira-me a sede, banha-me com sua água e cura meu corpo físico...

São seis horas da tarde, Vésper e Vênus, reciprocamente metamorfoseadas, estão no céu. E na praia da Ilha Bianca, as águas tépidas do mar e o sol se retirando do horizonte, convidam-me a continuar no sagrado que fora contatado...

Badaladas dos sinos da Catedral Submersa, composição musical de Debussy, emergiam do mar profundo, conduzindo-me ao Oceano sem Praias, na hora solene do crepúsculo, na expressão de seu aspecto feminino...

Hora da Ave Maria, hora de harmonia, hora da Divina Mãe, que ama e que aleita com Seus virginais seios, todos os Seus filhos, achegando-os ao Seu regaço, colocando-os, ao depois, dentro de Seu próprio coração...

Aos poucos, já interagindo com as energias da Terra, despertando em consciência, percebo a grande responsabilidade e a necessidade de conquistar a própria evolução, percorrendo a própria estrada...

E no palmilhar as vias e vertentes da minha própria estrada, aquela que me foi destinada e contida no projeto do Supremo Arquiteto do Universo, encontro meus irmãos de humanidade, em semelhante caminhada...

Fragmentos maravilhosos que somos, da mesma essência do Deus Pai amantíssimo, em que pese estarmos ainda na finitude da persona, cumpre-nos, humanos seres, ao longo do caminho, trabalhar, amar e perdoar...

Assim, transformando vida energia em vida consciência, prossigo meu caminho, encontrando outros seres, todos eles irmãos meus de humanidade, cada qual fazendo sua respectiva semeadura...

Eu já não portava as asas do anjo, cabendo-me construir as próprias, para um futuro pertinente a outro sistema de evolução, consoante o plano divino, que a todos contempla com gloriosa destinação, obedecida a lei de seleção...

Caminho pela praia da Ilha, nado nas ondas de seu mar, ao mesmo tempo em que atravesso as águas das emoções, chegando ao Continente, onde, ainda na praia, caminho, meditando nas lembranças de meus sonhos e vivências...

Mais uns passos, a noite se foi e o sol, anunciando sua chegada, iluminou a nova estrada que percorrerei, solitária, às vezes, contudo, plena de esperanças...

E, assim, trabalhando, amando e perdoando, continuei meu percurso, pelas vias e vertentes da estrada, compondo este, ainda inacabado, POEMA DE AMOR MAIOR...

Obs.: neste poema estão inseridos alguns conceitos de uma escola iniciática a que pertenço.

Maria Deonice Sampaio Costa
Enviado por Maria Deonice Sampaio Costa em 19/06/2007
Código do texto: T533362