aos 23

Aos 23

Já vivi muita coisa. Sonhei alto em alguns momentos, em outros rastejei sem nenhuma expectativa. A vida, essa já me proporcionou momentos inesquecíveis, alguns felizes nos quais cheguei a perder a noção do tempo, da gravidade, flutuei como se estivesse envolvida por uma espécie de magia e voei, voei como um passarinho na liberdade de escolher seu caminho.

Em outros momentos, me escondi da mesma vida como alguém que se escondeu em uma caverna e seu maior desejo era não ser encontrado. Chorei sentido falta de nada, sem sentir dor ou rancor, já decepcionei e fiquei decepcionada. A pior decepção que sofri partiu de dentro de mim, sim eu auto me decepcionei e passei. Passei por alguns como o sopro do vento passa ao pé do ouvido rápido, moribundo e despercebido. Fui emoção, solidão, amizade e por incrível que pareça fui cumplicidade.

Descobri que a vida é mais difícil do que eu a imaginava aos treze, que os príncipes encantados são na verdade desencantados e que o beijo no final feliz, nem sempre é coisa boa. Os castelos podem está onde nós quisermos imaginar, onde acreditamos que eles estão e que o amor vai um pouco além do feliz para sempre, pois há momentos que o feliz para sempre não vai se encaixar no enredo e as reticências ocuparão esse lugar e talvez elas tenham algo mais profundo a nos acrescentar.

Entendi que o amor é bem mais profundo do que eu acreditava, é muito mais além do que apenas amar alguém, de desejar, de querer está grudado como um carrapato ou como chiclete no sapato. Entretanto é assumir que ninguém precisa estar colado para estar junto, é compreender a solidão que bate a porta mesmo quando estamos acompanhados e que os anos passam, e o amor não acaba, não amplia, apenas se renova a cada dia.

Já fui capaz de perdoar, acho que já fui perdoada, já amei e fui amada, já desprezei e fui desprezada e por incrível que pareça, não recebi o troco com a mesma moeda, nem tão pouco paguei com a mesma, entretanto fui desprezada por quem eu amava e desprezei a quem me amava. Nesse jogo de emoções fui crescendo e aprendi que sobreviver é para todos e viver é para poucos, o primeiro é a certeza e o segundo é apenas uma possibilidade. Possibilidade que poucos tornam real, não tão acessível para a maioria, e que é desconstruída pelas dificuldades enfrentadas em sociedade durante o dia a dia.

Só não aprendi a desistir e mesmo com o vento soprando em favor da tempestade prossegui, continuei a acreditar que mesmo que eu fosse nada, um dia eu haveria de chegar onde tinha que chegar, mesmo que eu tenha sido considerada por alguns um apenas, um breve momento, ou talvez um descuido, eu teria que acreditar, pelo menos eu, teria que acreditar em mim. Tenho muitos desafios a enfrentar, mas enquanto dê vou me segurar, me segurar do último fragmento de qualquer esperança que eu achar, levo comigo o lugar onde quero chegar e o que quero fazer lá, levo comigo o desejo de ser compreendida, mesmo quando tudo que eu falar pareça incompressível, desejo um dia poder viver tudo que não consegui e até queria descometer os erros por mim cometidos, desejo viver cada momento perdidamente mesmo que seja em pensamento, sorrir, gritar e até sonhar para o mundo inteiro avistar.

Por Driely Xavier eu, amante, mulher, mãe e estudante querendo ser professora aos 23.

Driely xavier
Enviado por Driely xavier em 05/08/2015
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