Sete do nove

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uma luz acesa. só assim consegui ver teus olhos negros e tristes, após longos dias de ausência e tensão. lá estava você, com um corpo cansado, conectada nas páginas de um mundo extremamente particular. sentei-me e observei a precisão dos rabiscos que mais pareciam ser escritos na pele. num súbito, você me percebeu e sorriu.

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uma luz que se apaga. a película que escorrera sobre meus olhos eram protagonizadas por dois personagens: uma pequena garota (que jamais saberei o nome) e você. a sensação de estar assistindo dois filmes diferentes era notória. de um lado, um clássico da literatura mundial, do outro um corte da minha personalidade pelo qual me apaixonei. era tempo de chuva, mas no fim das contas, tudo me emocionou de uma forma estranha. daquelas que não se consegue descrever.

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a luz se acende. nossas conversas eram covardia com as outras pessoas. como num monólogo, eu sabia tudo o que falar e tudo que seria respondido. e mesmo o mais complexos problemas do mundo pareciam ser resolvidos de forma simples. ao longo da tarde encontramos as metáforas perfeitas para a existência e conhecemos ainda mais a métrica um do outro. nem mesmo o frio que fez durante alguns minutos fizeram-me esquecer a sensação aconchegante de estar por perto.

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você apagou a luz. e aos poucos me fez entender tudo que está acontecendo. me mostrou no passado os por quês do futuro. e assim, depois de uma longa insônia, pude dormir bem. por só agora compreender, ao teu lado, que a vida não precisa fazer sentido. precisa fazer sentir.

07.09.15

Gonzaga Neto
Enviado por Gonzaga Neto em 08/09/2015
Reeditado em 09/09/2015
Código do texto: T5375025
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