Denuncia

Sem que as palavras me desvendassem

Ou até que me denunciassem o teu corpo

Procurei nos lençóis cada sílaba

Passo a passo

Feito parasita

Num impulso

Sem impasse!

Qual interrogações, exclamações, ponto e virgulas e reticencias…

Na vontade faminta das letras do desejo

Como a carne com a fúria do poema,

Ou a sede faminta do alimento…

Abelha

Que cheira a essência das flores, do pólen

Como cheiro eu o sémen

Alimento a fome sem agonia do desperdício

Ave de fel

Que se ama e fundamenta a vida

Concretização da palavra

Que desenha e canta o texto

Devorando cada palavra

Como o ultimo

Num pé de igualdade em que se forma o suicídio humano

Ciclo vicioso em que a mão da diferença

Faz de nós o mundo insano

Comovo

Canto

Danço e embalo

Devoro, alimento, encanto o poder sustento

Meu amante

Em tágides de cera

Em aves que voam

Formando o nada em alma que vive eternamente

Joana Sousa Freitas
Enviado por Joana Sousa Freitas em 25/09/2005
Código do texto: T53764