Arrumação
 
       Pudesse eu viver tudo o que imagino
       nem sete vidas me daria tanto fôlego

                                        Marta Medeiros

No folhear das lembranças, o gosto acre da tristeza...
A Esperança, finalmente, parecia uma imagem embaçada de um quadro amarelado na parede e a Personagem... bom, a Personagem, que planejou viajar no tempo, fechou a caixa dos sonhos, recolheu o mapa da viagem,  enxugou a lágrima de cansaço e de saudade e seguiu em frente, pois, sem perspectiva, não restava nada mais a fazer.
A chuva e o vento gelado que vinham do mar lhe davam algum sentido de realidade...Sabia que mais um dia chegaria e tudo estaria como sempre esteve, mas isso não merecia comemoração nem acrescentava qualquer alegria.
Agora, a vida era só um rio sereno que seguia seu curso.