Meus olhos se voltam pela última vez ao porto abrigo.
Porto de tantas promessas, porto amigo, amigo porto.
Meu olhar marejado se despede deste que prometeu estar sempre ali, não desistir de mim, num abrigo sem fim...
Porto solidão! Porto ilusão! Um dia sem rumo, sem prumo, atraquei em seu cais pedindo paz...
Náufrago à deriva das suas palavras vazias jogadas ao vento, com enganoso alento. Promessas cinzas de um setembro colorido de doces quimeras na primavera.
Despeço-me para sempre de suas águas turbulentas e revoltas.
Não mais te verei, amigo porto, porto amigo...
Iço as velas! Com cautela... Em águas mais calmas, em oceanos sem tantos planos, em outros mares, sentindo outros ares, outros pares...
Sigo com novos remos, sem extremos, em novos tempos, novo norte!
De ti levo apenas a certeza incerta de seu abrigo, o cinza frio de seu cais, de suas águas vazias e inconstantes.
Adeus, porto!