Complicadas Coisas

Porque esse silêncio quando entrei no café?

Porque se calaram quando nasci?

Por respeito, inveja ou despeito?

Ou porque certas coisas emitidas me queriam omitir?

Culpa, não tive nenhuma porque ninguém

me consultou, se estava ou não interessado em aparecer.

Óbviamente! Os meus pais trocaram votos,alianças e assinaturas pela igreja.

Claro viveram como todos os demais, pobres… mas felizes, entre comas que não são perentesis.

Eles sabiam lá, que se vendiam camisas de Vénus, preservativos ou camisinhas no Chiado ou nos Champs- Elyssées!

Ou que o coito se interrompia na América em Amesterdão ou na Praça do Brasil.

A minha avó era apenas Maria e bonita e o meu avô

nos anos da guerra, passava horas nas filas, ou bichas, sem serem gays,dos géneros racionados e morreu tuberculoso.

Dizem, que chegou a ir à sopa do Sidónio que era Pais e déspota deste País à beira mar plantado pelos Árabes.

Ninguém, antes de nascer, me contou.

Juro que ninguém me confidenciou, que o leite de cabra estava esgotado... e que o feito em pó, se bebia como alternativa.

E que anos depois entraríamos na era do consumísmo, da cola-cao e da Coca-Cola, que davam automóveis.

Também ninguém, colocou a boca no trombone p´ra me dizer, que havia uma guerra para cumprir, que nenhum de nós encomendara e uma farda para vestir, que larga me ficava e que mais magro me fazia sentir e parecer.

Que haviam mulheres, sem planeamento familiar, que à esquina me acenavam, para com elas trocar dinheiro por espermatozóides, fazendo de mim mais um, talvez…o Vinte mil e tal.

Ninguém me informou também, que casas e empregos não haviam para todos, mesmo que se inscrevessem nas Instituições ditas Governamentais.

E que ao nascermos, seríamos mais um, para connosco divivirem a dívida externa.

E também nunca me disseram, que tínhamos de importar batatas,milho e dentistas e exportar futebolistas,tudo isto sem nos importarmos.

Ninguém alguma vez me disse, que alguns só almoçavam dia sim, dia não e outros ainda,só dia não, dia não.

E também...

Nunca, mas mesmo nunca, me disseram…

Que a felicidade já no século passado

era um produto acabado.

lucianobarata
Enviado por lucianobarata em 26/06/2007
Reeditado em 26/06/2007
Código do texto: T541677