Para viajar, basta existir!

Somos todos viajantes no tempo e no espaço.

Viajar para conhecer a si mesmo é uma arte. Conhecer o mundo por si mesmo é empreender prazerosa viagem que enriquece a alma e o conhecimento.

A melhor maneira de viajar é sentir, imaginar, criar. Vai além de pegar um trem, um navio, um avião...

Viajamos na leitura conhecendo lugares, culturas e pessoas sem sair de casa.

Viajamos em pensamentos onde secretamente retornamos ao passado e num piscar de olhos estamos ao lado de quem amamos.

Viajamos na saudade. Essa saudade que fala de pessoas especiais que marcaram nossa vida, pessoas que se foram, pessoas que passaram, pessoas que estão longe, mas que deixaram impressos em nós a sua voz, cheiros, sorrisos, conversas...

Viajamos no presente, no aqui e agora, vivendo, refletindo, agindo, adquirindo novas experiências, realizando sonhos tão sonhados.

Viajamos rumo ao futuro: transformações, evoluções acontecerão com certeza. Dentro e fora de nós jamais seremos a mesma pessoa.

Viajamos na música que tem o poder de unir povos de todas as raças, de todos os credos, em todos os idiomas, em todos os minutos, horas, dias e lugares do MUNDO.

A vida em si já é uma viagem. E para viajar basta somente existir. Basta ir de estação para estação, de coração para coração, do sonho para a realidade!

Assim sendo, te desejo uma boa viagem nesse belo texto chamado “Manifesto viajante”, de Marcelo Penteado, o qual posto aqui com a sua autorização.

Jandira Ferreira/Jandamel

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“Manifesto Viajante” - Autor Marcelo Penteado.

Uma vez fui viajar e não voltei.

Não por rebeldia ou por ter decidido ficar; simplesmente mudei.

Cruzei fronteiras que eu nunca imaginaria cruzar. Nem no mapa, nem na vida. Fui tão longe que olhar para trás não era confortante, era motivador.

Conheci o que posso chamar de professores e acessei conhecimentos que nenhum livro poderia me ensinar. Não por serem secretos, mas por serem vivos.

Acrescentei ao dicionário da minha vida novos significados para educação, medo e respeito.

Reaprendi o valor de alguns gestos. Como quando criança, a espontaneidade de sorrisos e olhares faz valer a comunicação mais universal que há – a linguagem da alma.

Fui acolhido por pessoas, famílias, estranhos, bancos e praças. Entre chãos e humanos, ambos podem ser igualmente frios ou restauradores.

Conheci ruas, estações, aeroportos e me orgulho de ter dificuldade em lembrar seus nomes. Minha memória compartilha do meu desejo de querer refrescar-se com novos e velhos ares.

Fiz amigos de verdade. Amigos de estrada não sucumbem ao espaço e nem ao tempo. Amigos de estrada cruzam distâncias; confrontam os anos. São amizades que transpassam verões e invernos com a certeza de novos encontros.

Vivi além da minha imaginação. Contrariei expectativas e acumulei riquezas imateriais. Permiti ao meu corpo e à minha mente experimentar outros estados de vivência e consciência.

Redescobri o que me fascina. Senti calores no peito e dei espaço para meu coração acelerar mais do que uma rotina qualquer permitiria.

E quer saber?

Conheci outras versões da saudade. Como nós, ela pode ser dura. Mas juro que tem suas fraquezas. Aliás, ela pode ser linda.

Com ela, reavaliei meus abraços, dei mais respeito a algumas palavras e me apaixonei ainda mais por meus amigos e minha família.

E ainda tenho muito que aprender.

Na verdade, tais experiências apenas me dirigem para uma certeza – que ainda tenho muito lugar para conhecer, pessoas a cruzar e conhecimento para experimentar.

Uma vez fui viajar…

E foi a partir deste momento que entendi que qualquer viagem é uma ida sem volta.

(Marcelo Penteado) “Manifesto Viajante”