Nunca mais esperei morrer de amor
Eu nunca havia dito ou escrito isso. Parece que a dor, desamor me eram tão intrínsecos que o ardor e amor não geravam inspiração. E eu seguia na corda bamba, esperando a próxima estação. Aquele lugar que levasse ao abismo interior, sofreguidão. Só para então, aliviada, jogar em papel o que alma queria gritar. E gritei, por muito tempo. Muitos versos e lágrimas. E o trem da vida me levava a alguns outros momentos. Muitos de alegria. E eu pensava. Quando virá a próxima estação? Em que viaduto, canto obscuro, repousa a dor? Então passei a desfrutar minimamente da vida por saber que depois do suspiro viria o calafrio. E logo passei a viver de calafrios. Suspiros não estavam em meu enredo melancólico. A não ser aqueles suspiros de um amor tão obtuso, recluso, dolorido. A alma esperava chorar. Chamava isso de amor em forma de poesia. Antes de você. Depois de você, a poesia virou a própria vida. Cada olhar, cada sorriso, cada fotografia dos lugares por onde passamos juntos. Era a vida, em forma de versos tão simples, que sussurrava amor aos meus ouvidos. Deixei de esperar a próxima estação da dor. Nunca mais esperei morrer de amor.