DIÁLOGO COM A MORTE

DIÁLOGO COM A MORTE

Morte! Sua presença é fria e de posição arrogante. Obedeces a um decreto impetuoso, ceifar do convívio os amigos, Deixando na estrada abandonada, uma dor, uma lágrima, uma saudade. Você não é um fantasma como aceitam muitos. Você é um veículo condutor das vidas ao ponto culminante do eterno amanhecer. Sua ordem é cruel, tendo a saudade por desígno, para os que na tumba fria despedem-se de seus queridos.

Na ultima morada da carne, ponto final de um tempo nessa via, sua sina é marcar nosso encontro na divisa com o desconhecido, abrindo os umbrais do adentramento aos condecorados ou condenados ao perpétuo existencial. Deixar vazio o olhar é sua pretensão, marcando com dor o coração.

Questiono-lhe: - Se não existisses para a existência banir, que seria da liberdade para desse mundo partirmos?

Ouço a resposta contundente: - Na vida está a minha existência. Mudo apenas a face do estágio celeuma, para o estágio silêncio, onde um outro mundo surge cheio de primícias. Eu sou a outra face do existencial.

Considerando tal resposta, sinto o peso expressivo dessa verdade por poucos acatada. Morte! Seu dever seja cumprido.

Cabe a nós, enquanto celeuma nesta face existencial, brilhar no viver a luz, Até o breve amanhecer na face oculta que nos espera Jesus.

Jair Martins - 27/03/05 - 11:45h