Bar Veloso.
Garanto que no Bar Veloso, na Vila Mariana, o Mundo é sempre mais perigoso. Perigoso no bom sentido, não na maldade odiosa do termo.
As coxinhas, as coxas e os coxões transitam entre táxis, particulares, pernas batidas, cadeiras e mesas espremidas. As holandesas e gaúchas sentadas nas beiradas, nos cantos e mal recalcadas, meio caladas, não se sabe se bêbadas ou cansadas, tornam os homens lobos selvagens, caçadores esgotados e famintos, na quebrada da noite.
- Uma coca-cola, por favor! E meia dúzia de coxinhas também. Coxinhas de batata, daquelas que não grudam nem no céu da boca, mas que fazem salivar. Ah, não se esqueça também do lanche do Sr. Xavier, aquele com contra-filé e alface ao molho tártaro.
Lá no Veloso, que nunca foi goleiro, cidadão caridoso, a noite é quente, é sempre noite, o coração às vezes pára, mas logo volta a bater, e as pessoas se encostam entre balcões e paredes e se amolecem ao ranger dos dentes e trocas de olhares e línguas.
Ao fundo um televisor transmite o VT de alguma partida antiga de futebol, onde o time de cada frequentador saiu campeão.
O Veloso é o cara!
Outro dia estive lá, muito desgastado, bem acompanhado, depois de um dia intenso de trabalho pesado. Paredes, vidraças, murais, sacadas, mármores... Não voltei até anteontem, porém, por cautela, deixei o pisca - alerta ligado...