O vento e a neblina.
Acabou a fantasia, o encanto, a magia.
Não sei repetir as coisas,
Ficar olhando para o tempo,
Me perder na neblina.
Sou tempestade, furacão e calmaria.
Gosto das verdades rasgadas,
Comidas à mão,
Assim mesmo: sem garfo e faca,
Só pedaços e mordidas.
Pois prefiro a saudade à dor da partida.
Canto cantigas falhadas,
De voz rançosa,
E palavras engolidas.
Prefiro a última cartada,
A última charada,
A penúltima mentira.
Soluço a bailar silencioso das sentenças cantadas,
Dos verbos trocados,
Das vontades queridas.
Porque não me canso de sonhos infundados, nem de paixões reprimidas.
Prefiro o engasgo,
O retrato,
A nota soluçada,
A dor da partida.
Não sei onde está o encanto da vida.
A tal esperança de que todos falam,
A presença querida.
Sigo errando na jornada,
Lutando contra a escada,
Em busca da aurora perdida.
Pois já não restam mais histórias bizarras,
Nem páginas trocadas,
Só o amanhecer e a rotina.