Por voce

" E quando tua voz for testemunha

de teu óbvio engasgue e rouquidão...

fala baixinho que nunca mais. "

" trecho do poema: por você "

Por você

Por você, tantas e tantas vezes eu esqueci de mim, por você minha pele, corpo, olhos, ventre e voz se multiplicaram em nós. Por você, eu definitivamente aprendi a crescer, é doeu as vezes, eu sei...

E foi por você que meu verão brilhante e solitário, certo dia começou a florescer, viramos plena primavera ! tudo eram cores e flores, as estradas eram tão infinitas, qualquer choupana era palácio, até gotas de chuva, com você, tinham o sabor do mais puro vinho...

Por você, eu me deixei amanhecer, entardecer e assim como todo ciclo da vida, por você também anoiteci. Por você eu sonhei em ser três, quatro e na verdade eu sonhava seis...

com você perdi o medo dos ventos, perdi a fragilidade do ninho, por você eu mesma virei ninho, aprendi a crescer com um ser dentro de mim, com você eu aprendi a amar mais o outro que a mim, por você eu me doei tanto quase ao ponto de me perder de vez, pois foi também com você essa roda gigantesca de tantos sentimentos, a mais aberta das gargalhadas, o mais profundo pranto, a emoção mais festiva e inesquecível, as brigas mais ferozes e ferrenhas, o calor de todos os vulcões, o frio das mais distantes geleiras do ártico,

é definitivamente com você dei a volta ao mundo de tudo que eu tinha, de tudo que eu não tinha, de tudo que ganhei e de tudo que perdi. Enfim, houve dias em que eu até pensei que a eternidade existia ! implorei explicando e sonhando que quando tua voz fosse testemunha de teu óbvio engasgue e rouquidão bastava falar baixinho que nunca mais, e pronto! a estrada se abriria num sol ameno, como tantas vezes acontecia em nossas viagens depois de uma tempestade. E quer saber?

mesmo ensopada eu nem sentia frio, pois abraçada a você, com e por você, tudo valia a pena. Eu provavelmente estava errada, mas eu acreditava...sonhadora que eu fui...

Mas como todos os ciclos da vida, verão, primavera e outono acostumam-se a receber o inverno, eu também acostumei, acostumei demais. Meu inverno nunca mais vai acabar, e hoje eu gosto dele, pois por você e por causa de você eu hoje, sou eu.

Não apenas um pedaço bonito de uma fotografia de família, hoje eu sou inteira, completa...com todas as doçuras das lembranças e as cicatrizes de uma longa história. Com você eu deixei de ser um, ontem fui quatro, hoje sou três.E sabe que há coisas boas em ser três? há segurança demais em pilares que jamais mudam ! por você, aprendi o real significado de amores incondicionais, aqueles que não conseguem morrer ! simplesmente por ser...

Por amar você, eu precisei assistir a minha menina sofrer, ter medo de ficar só, de novo !, se arrebentar toda e até morrer, mas hoje mulher, olho para trás com todos os baús de sonhos realizados, e também dos sonhos que jamais realizaremos, com os baús dos sonhos que rasgamos, eu olho hoje com todos eles, porque hoje depois de você, eu sou todos eles !

E sinceramente, agradeço. Se ontem eu era um leve veleiro risonho, hoje sou navio cargueiro, e o mar que antes me metia medo, hoje me da mais vontade de navegar ! hoje eu sou o mar.

Foi por mim e por eles, que eu aprendi a me amar...

e por você, bem, por você, eu aprendi a crescer.

Obrigada.

Márcia Poesia de Sá. ,

Márcia Poesia de Sá
Enviado por Márcia Poesia de Sá em 30/11/2015
Código do texto: T5465239
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