Não era amor

Mais uma vez ela se dá conta que saiu completamente dos trilhos... seguia por um caminho há léguas de distância do que aquele pelo qual pretendia andar: andar e ser feliz!

Com os olhos de lágrimas, tenta disfarçar à volta que não acontecerá. Os seus olhos esverdeados escondem todo um rio de arrependimento. Dentro de si guarda todos os seus sonhos, todas as suas mágoas... tudo o que não fará.

Um sorriso no rosto e um óculos de sol... para o dia!

Um sorriso no rosto e um copo de vinho... para a noite!

Uma tentativa desesperada de te ignorar. Ignorar o sentimento que habita seu coração.

Por mais que ela mude o rumo da conversa, que se perfume com outros cheiros, que visite outros corpos... é vã a tentativa de esquecer o que queima dentro de si.

O telefone fora do gancho... o remédio pra dormir: ahhh... são tantas as tentativas de o ignorar!

Se nada faz sentido, se nada fez sentido, ela só encontrava uma resposta pra todas as suas muitas perguntas: não foi amor!

Se tudo foi uma mera questão de tempo, se o tempo não parou, se a vida andou: não era amor.

Com o coração abarrotado de saudade, o nó que aperta a garganta: ela finge estar “nem aí”!

Não há contradição. Não era amor.

Mas quem é que busca racionalizar numa hora dessas? Pouco importa se não era amor: era o sentimento mais forte que ela já nutriu por alguém... da sua parte era amor... da outra parte era apenas um tempo a se passar.

Então, nessa normalidade... nessa frivolidade... tudo segue como antes: muda-se o canal, assalta-se à geladeira, entorna-se à garrafa de vinho, de vodka, de martini, de whisky...

Sempre essa busca desenfreada de a si mesma ignorar!

Talvez ela tenha chegado atrasada...

O caminho era o errado.

Resta apenas seguir... e que o vento a leve pra sentimentos mais amenos... lhe regenere a calma e lhe torne aprazível novamente sentir o bater do coração.

Só resta a frase feita, do conformismo não tão imediato:

- Se já se tornou passado, o fato é que hoje não mais é amor.

…. marcas do que se foi!

E o vento a leva pra outro lugar... e neste outro lugar, ainda há o seu cheiro!