Eu, meu divã. (1 dia)

- O que te traz aqui?

- Não sei nem por onde começar.

- Costumo falar com meus pacientes que podem falar a primeira coisa que vier na sua mente. Sem seguir ordem cronológica, fatos, coerência... qualquer coisa. Esvazie a mente soltando o que aparecer.

- Confesso que tenho vergonha das minhas lembranças.

- Preciso que entenda que trabalho com isso há anos e nada mais me surpreende. É como se tudo fosse normal, para nós analistas.

- (...) Dominic ficou pensativo.

Por vários minutos ficaram os dois em silêncio. De repente, num estalo, Dominic perguntou.

- Existe alguma possibilidade de me internarem? Ao você saber sobre essas minhas coisas íntimas?

- Apenas se você for perigoso para si mesmo e para a sociedade.

- (...) a culpa não é minha. Eu havia bloqueado as lembranças, porém ultimamente elas têm reaparecido para mim como flashes, e muita coisa agora faz sentido, e sinto mesmo que preciso apagar todas essas imagens que me assombram sem eu querer. E é por isso que estou aqui. Eu preciso que apaguem essas lembranças, esses traumas. (...)

- Continue.

Ele se calou, totalmente travado, e quando foi abrir a boca para voltar a contar...

- Sinto muito, mas nosso tempo terminou. Te vejo na próxima sessão?

Da série "Eu, meu divã".

Dominic M
Enviado por Dominic M em 17/12/2015
Reeditado em 22/12/2015
Código do texto: T5483191
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