Eu, meu divã. (1 dia)
- O que te traz aqui?
- Não sei nem por onde começar.
- Costumo falar com meus pacientes que podem falar a primeira coisa que vier na sua mente. Sem seguir ordem cronológica, fatos, coerência... qualquer coisa. Esvazie a mente soltando o que aparecer.
- Confesso que tenho vergonha das minhas lembranças.
- Preciso que entenda que trabalho com isso há anos e nada mais me surpreende. É como se tudo fosse normal, para nós analistas.
- (...) Dominic ficou pensativo.
Por vários minutos ficaram os dois em silêncio. De repente, num estalo, Dominic perguntou.
- Existe alguma possibilidade de me internarem? Ao você saber sobre essas minhas coisas íntimas?
- Apenas se você for perigoso para si mesmo e para a sociedade.
- (...) a culpa não é minha. Eu havia bloqueado as lembranças, porém ultimamente elas têm reaparecido para mim como flashes, e muita coisa agora faz sentido, e sinto mesmo que preciso apagar todas essas imagens que me assombram sem eu querer. E é por isso que estou aqui. Eu preciso que apaguem essas lembranças, esses traumas. (...)
- Continue.
Ele se calou, totalmente travado, e quando foi abrir a boca para voltar a contar...
- Sinto muito, mas nosso tempo terminou. Te vejo na próxima sessão?
Da série "Eu, meu divã".