essa matemática fria 


Ah essa matemática que dirige as nossas vidas
Numa lógica fria e demasiadamente calculista
Não quero viver por entre a intricânsia dos objetos
Isso exigiria  familiaridade com coisas e  pessoas
Vivo num dilema entre o que penso que sei e o que realmente sei

E entre o jogo de máscaras, o espetáculo do mundo,  a ignorância simulada nos leva a viver  com ideias que, se de fato vivêssemos,  estremeceriam  como um abalo sísmico toda nossa existência
Diante desse dilema, compreendemos com precisão cirúrgica,  o abismo sem fim que nos separa de nossas próprias convicções

O mundo se fragmenta clarões nos instigam ao conhecimento, esvaziando a familiaridade que nos daria paz 
 [Parece que o inverossímil e o absurdo, tal  e qual como a hora do nosso nascimento ou a hora exata de nossa morte que os sistemas nos informam, da qual nunca desconfiamos, é capitulado na nossa crença porque o absurdo não é crível, por que não é crível descrer]

Enquanto isso minha pobre alma, ah minha alma! Tem obsessão pela clareza, e deseja a verdade
Mas ela  tem como certeza que a única narrativa significativa do pensamento humano é a que diz dos arrependimentos e das impossibilidades
E que os mais significativos assuntos da história humana são a transitoriedade, resistência, destruição, esperança...
E entre a certeza que tenho da minha existência e o conteúdo que tento dar a essa aparente segurança há um fosso que nunca será transposto

Serei eternamente outro diante de  mim mesmo
E minha porção particular de morte sempre me espreita
Afinal  quem  pode escapar do fogo devorador do mundo?

Melhor que o homem não  tivesse sido criado, diz um talmudista, mas já  que foi  que assim seja
Ressurreição? Eu não  existia, mas existo e  quantas vezes não retornei das chamas...

 
Labareda
Enviado por Labareda em 30/01/2016
Reeditado em 05/08/2019
Código do texto: T5527766
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