Ferdinando, El Malandro.
FERDINANDO, EL MALANDRO.
Nascido em cinco de junho, Ferdinando, meio homem, meio malandro, adorava beira-mar.
Ansiava encontrar um lar onde pudesse seus ossos recostar.
Botar sua burrice na sombra onde a burrice também pudesse encontrar.
Ferdinando tentou a vida em todas as suas vias.
Pero si, não era daqueles homens predispostos a trabalhar.
Sua matéria bruta era a preguiça.
Cansado, sempre cansado e bocejante, vivia a perscrutar...
A sonhar com uma manceba rica que o mantivesse a sustentar.
Televisor, almoço, jantar, ar-condicionado, descansar, descansar, descansar.
Não que fosse um homem cansado. Não. Era simplesmente o cansaço que lhe vivia a persignar.
Sempre dizia, e ria:
"Não sou um homem cansado! É que sinto muito sono e uma vontade desconhecida até pela ciência de nada fazer. Tentei alguns médicos e eles me ministraram antidepressivos. Aí eu sorri".
Ferdinando, mais conhecido como o malandro em busca de um canto, queria por que queria que o Mundo acabasse num barranco, como reza o velho ditado, para que pudesse eternamente ficar deitado no berço esplêndido da fraqueza nacional.
Um dia encontrou Macunaíma na quebrada de uma esquina, conversaram e saíram para passear. Lá pelos lados do Morro do Urubu, encontraram por sua vez Jeca Tatu, meio nu, coçando o saco, e resolveram os três sair por aí, sem nada a fazer, deitando, levantando, coçando, caminhando e cantando, e logo voltando a deitar...