Ferdinando, El Malandro.

FERDINANDO, EL MALANDRO.

Nascido em cinco de junho, Ferdinando, meio homem, meio malandro, adorava beira-mar.

Ansiava encontrar um lar onde pudesse seus ossos recostar.

Botar sua burrice na sombra onde a burrice também pudesse encontrar.

Ferdinando tentou a vida em todas as suas vias.

Pero si, não era daqueles homens predispostos a trabalhar.

Sua matéria bruta era a preguiça.

Cansado, sempre cansado e bocejante, vivia a perscrutar...

A sonhar com uma manceba rica que o mantivesse a sustentar.

Televisor, almoço, jantar, ar-condicionado, descansar, descansar, descansar.

Não que fosse um homem cansado. Não. Era simplesmente o cansaço que lhe vivia a persignar.

Sempre dizia, e ria:

"Não sou um homem cansado! É que sinto muito sono e uma vontade desconhecida até pela ciência de nada fazer. Tentei alguns médicos e eles me ministraram antidepressivos. Aí eu sorri".

Ferdinando, mais conhecido como o malandro em busca de um canto, queria por que queria que o Mundo acabasse num barranco, como reza o velho ditado, para que pudesse eternamente ficar deitado no berço esplêndido da fraqueza nacional.

Um dia encontrou Macunaíma na quebrada de uma esquina, conversaram e saíram para passear. Lá pelos lados do Morro do Urubu, encontraram por sua vez Jeca Tatu, meio nu, coçando o saco, e resolveram os três sair por aí, sem nada a fazer, deitando, levantando, coçando, caminhando e cantando, e logo voltando a deitar...

Cristiano Covas
Enviado por Cristiano Covas em 17/02/2016
Reeditado em 05/06/2016
Código do texto: T5546512
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