A dona da foice

Quando Ela chegar altiva

Eu quero ter a lucidez do genocida

Quero estar isento de culpa

E ser capaz de sorrir.

Quando Ela chegar serena

Eu quero ter tempo pra um verso

Quero me eximir de balanços

E, tendo pena, poder falar mal de mim mesmo.

Quando Ela chegar em silêncio

Quero estar em conforto

Me aconchegar em seu colo de tal forma

Que a ela própria cause espanto.

Quando Ela me falar tristemente

Falarei que todo pão foi semente

E que até o linho vira a vela

Que nos faz navegar e partir.

Quando Ela perceber que a quero

Vou abraçar o seu corpo

Lançar um olhar zombeteiro

E dormir sossegado em seu ventre.

Quando Ela me arrastar para o escuro

Sereno, lembrarei meus amores/

Sem resistir seguirei pro futuro.

Para então (finalmente)

Sonhar sonhos de todas as cores...

Nairson Luiz Santos
Enviado por Nairson Luiz Santos em 22/02/2016
Reeditado em 23/02/2016
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