JOÃO BATISTA, GLORIFICAÇÃO DE UM IOCANÃ

Em cidadezinha interiorana do Sertão Central do Ceará, o dia estava claríssimo, o sol no zênite, e, caminhando por entre as alamedas de um bosque, deparei-me com uma bonita árvore de flores amarelas. Eram acácias, acácias amarelas, o que me causou estranheza, vez que, até então, não havia visto um pé de Acácia, por aquelas paragens. Sua sombra convidativa fez com que eu me assentasse ao seu tronco, para descansar e usufruir o clima ameno que, sob sua copa, se fazia...

A ampulheta do tempo realizava seu trabalho, mostrando o transcorrer daquele, sem que disso eu me apercebesse.

Algumas horas ali permaneci, serena, de olhos cerrados, à sombra da Acácia, relembrando, não sei por quais mistérios, comentários que ouvira acerca desse esplendoroso ser de nome João. João, que veio em alto cometimento do Céu, para dizer da vinda d’Aquele, mais esplendoroso ainda do que ele, que foi e é Jeoshua, ou Jesus, o Grande Luminar da humanidade da era de peixes, sendo o mesmo que dizer, a divindade a imergir na matéria, aqui, na Terra, como filho unigênito do Deus Altíssimo.

João, sobre quem o próprio Jesus dá testemunho, quando, (segundo Lucas, 7, 24 e seguintes), após a retirada de mensageiros daquele que lhe é precursor, disse:

Sim, que saístes a ver? Um profeta? Sim, eu vos digo muito mais que profeta...

E disse, ainda, Jesus, complementando Sua assertiva:

Este é de quem está escrito: Eis aí, envio diante de tua face o meu mensageiro, o qual preparará o teu caminho diante de ti. E eu vos digo: Entre os nascidos de mulher, ninguém é maior do que João.

Assim, trago para mim, neste momento, a honrosa missão de exaltar e louvar essa estrela bendita que é João, mais tarde, João Batista, eis que lhe foi dado o honroso cometimento de ministrar o sacramento do batismo de Jesus.

Que exaltado, pois, sejas, tu, João, estrela brilhante, a quem foi concedido, por ordens divinais, preparar o caminho para os santos pés de Jesus percorrerem em Sua missão de redenção dos humanos seres e da evolução destes na Face da Terra. Tu, somente Tu, foste, através de Zacarias, pelo Espírito Santo, chamado, o Profeta do Altíssimo!

“Tu, menino, serás chamado O Profeta do Altíssimo, porque precederás o Senhor, preparando-lhe os caminhos”.

Louvo-te, também, Excelso João Batista, porque, ainda no ventre de Isabel, tua mãe estremeceste diante do fulgor daquele que era e é o Filho do Altíssimo, quando da visita de Sua mãe, Maria, à prima Isabel, Aquele que, então, também se encontrava nas divinais águas formadas no ventre materno, mas, pela atuação do Divino Espírito Santo de Deus.

Exaltado e glorificado sejas tu, oh! Maravilhoso Profeta, porque pudeste contemplar a sacratíssima taça transbordante de luz, no alto da cabeça do Mestre dos Mestres, o Nazareno. Taça que, plena de dulcíssimo amor e luz, se mostrou e se deu a ti, apenas a ti, a fim de, sobre ela, poderes fazer jorrar as águas abençoadas do Rio Jordão, no mágico e divino cerimonial do batismo!

Claro que, aqui, se ressalva o momento sublime em que, em casa de Simão, em Betânia, uma mulher, adentrando o recinto, onde se encontrava Jesus, fez cair sobre este, em abundância, o preciosíssimo perfume de nardo, ensejando ao Mestre, com Seu poder e celestial compaixão, tornar aquele um momento de unção, proferindo as seguintes palavras:

“Deixai-a, por que a molestais? Ela praticou

boa ação para comigo....”

e...

“Ela fez o que pôde: antecipou-se a ungir-me

para a sepultura”.

É de ser percebido que os dois sagrados encontros teus com o Rei dos Reis, Filho do Altíssimo, são dois momentos de altíssima glorificação para ti, Ó Excelso João Batista!

Todavia, ainda um terceiro momento de glorificação resta mencionar, a justificar a presente exaltação e louvação.

A terceira glorificação é dirigida a ti, esplendoroso Ser, como verdadeiro iocanã, ou seja, como aquele que se deixou imolar, como tributo que pagava à Lei pela vitória de sua inabalável fé, pela dignidade e altíssima ética e fidelidade, a ti mesmo e, principalmente, à Justiça e Perfeição do Deus Altíssimo que te enviou como arauto de Seu filho unigênito, vivendo, tu, para tanto, nos desertos, até o dia que “havias de te apresentar a Israel”.

Cumprida foi tua missão, em que, sem economia de tuas energias, usaste abundantemente de teu verbo potente, como profeta do Altíssimo, sempre com grande amor e generosidade, mas, com firmeza ou rigor, se tal se fizesse necessário...

Glória e muita glória a Ti, Profeta do Altíssimo que enfrentaste o apelo da luxúria e o da desonra, deixando de acobertar e repreendendo ato do tetrarca da Galiléia, Herodes que, violando as leis vigorantes àquela época, entendera por bem unir-se a Herodias, mulher de seu irmão. Eras tu, iocanã excelso, em holocausto doando-te, pela realização da Obra do Eterno na Face da Terra, em homenagem a Jesus o Cristo, a quem serviste e preparaste o caminho!

Tal ato de coragem e fidelidade valeu-te o preço que pagam os iocanã, quando arautos, que se utilizaram, santamente, de seu verbo potente e bendito, ou seja, do som de seu verbo. E, assim, ocorreu com aquele arauto, levantando sua voz, na anunciação e preparação do maravilhoso evento que se configurou mil vezes pela abençoada presença do Divino Mestre Jesus sobre a Terra... O preço de morrer por agressão ao seu laríngeo, in casu, na decapitação ordenada pelo tetrarca da Galilea, Herodes, por pedido direto da filha de Herodias, Salomé, formulado após bailado sensual, das sombras, enlouquecidas e invejosas pela atuação maravilhosa e valorosa desse divinal iocanã, João Batista que, em meio a tal tragédia, se fazia merecedor de quase inenarrável vitória e glorificação por sua missão realizada!

Assim, três vezes, glorificado foi o divino iocanã, que em si hospedou e hospeda o Justus et Perfectus, valendo dizer a Justiça e a Perfeição, tão bem alegorizadas nas colunas do Templo de Salomão, o mais justo dos reis...

Exaltado, pois, sejas tu, oh, Profeta do Altíssimo, três vezes por Ele glorificado! E para ti são estas acácias amarelas, flores daquela Acácia, sagrada árvore sob cuja sombra, por alguns momentos, descansei o meu corpo e o meu espírito, sob tua amorosa e segura proteção.

PAZ PROFUNDA!

Maria Deonice Sampaio Costa

Fortaleza, a 02 de julho de 2007

Maria Deonice Sampaio Costa
Enviado por Maria Deonice Sampaio Costa em 07/07/2007
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