Você é Chique?

Certa vez, estava eu em uma dessas lojas que vendem de tudo a um preço único, e me entretive a olhar os vários tipos de tapetes que se amontoavam sobre uma bancada, fui resgatada de meus pensamentos por uma mulher que me deixou muito embaraçada.

Ela encostou o seu braço no meu, como se brincasse comigo, e me perguntou: você é chique?

Eu? Porque? No susto, respondi.

E aí veio a explicação: “Sabe, eu queria dar um presente para minha patroa, ela é uma pessoa muito chique, pensei em dar esse tapete, mas tenho medo dela não gostar, por isso queria a sua opinião”.

Fiquei comovida, e disse à mulher que daria a minha opinião, mas que a escolha deveria ser dela.

Saí da loja pensando naquela situação. Admirei aquela mulher tão chique, que merecera a atenção e o carinho de sua auxiliar doméstica, que em seu momento de folga, e, com o dinheiro escasso, lembrou-se de presenteá-la. Gostaria de tê-la conhecido, pensei.

Na medida em que o carro se afastava da loja, eu me perguntava o porquê daquela mulher tomar sua patroa por uma pessoa chique. Será por ser bela? elegante? sofisticada? Concluí que, não poderia ser somente por esses adjetivos, ela deveria ter luz própria, ser educada e amável.

As pessoas não possuem o hábito de demonstrar carinho por gente desagradável, no máximo as toleram.

Um filme passou pela minha cabeça, estremeci ao lembrar das pessoas que me auxiliaram com a lida da casa e com a criação dos meus filhos. Pensei em como era a minha relação com elas, e, em como elas me viam. Invadiu-me uma felicidade. Já ganhei vários tapetes.