Etéreos Sentidos

O ópio de tua saliva obriga-me a tornar a teu beijo.

A alfazema evola-se voluptuosamente de teus cabelos,

Caprichosamente emaranhados, em trama ardilosa, teia assassina,

E arrebata-me mortalmente; não há distância, nem sol, lua,

Basta que minha alma é tua e o mais que comigo trago.

Quão aprazível é medir teus encantos, mulher... Não! Menina, aurora feminina.]

Deleite é mergulhar nas tuas entrâncias, acariciar teus pêlos,

Rodopiar nas melenas e escorregar em tuas curvas;

Inebriar-me em teu cheiro e mergulhar profundamente em teu oásis,

Tuas profundezas, teu íntimo; ouvir o ribombar em teu peito,

O sopro de tua respiração, que escapa entre os dentes cerrados,

Em meio a sussurros e palavras recortadas quando me tens em teus palpos]

E me riscas a carne com acutíssimas garras ferozes.

Quão alucinante é roçarmos freneticamente nossas superfícies;

Nossa pele orvalhando-se, fruto da intensidade do nosso movimento,

Das nossas sensações, do inominável sentimento, do alucinante devaneio,]

Do indecifrável entrelaçar de nossas almas,

Que dançam alucinadamente fora de nossa matéria.

Oh, como me consomes, mas me dás vida,

E fazes de minha vida muito mais que existência;

Fazes de mim ser pleno e, mais do que homem, criatura divina.

Éder de Araújo
Enviado por Éder de Araújo em 10/07/2007
Reeditado em 08/07/2008
Código do texto: T558614
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