Minhas Vísceras Amigas.

Nunca me deram a mão e nem pedi.

Atravessei as ruas às cegas.

Atropelado diversas vezes...

Ossos dilacerados...

Ergui-me sozinho como um soldado no escuro da primeira guerra mundial...

Arrastei-me até a beirada e lambi minha ferida na ânsia de curá-la!

Os estilhaços sobrevoavam minha cabeça e eu ria...

Torcendo para que um me explodisse...

Eles, de seu lado, zumbiam e causavam a impressão de rirem de mim também...

Ambos ríamos um do outro...

Vida e morte abraçados e tomando uma vodka em San Petersburgo, num frio dos infernos...

Aquilo sim era uma fração de esperança na ânsia de abraçar minha criança quando minhas vísceras se expunham e davam risada da minha cara.

Cristiano Covas
Enviado por Cristiano Covas em 20/04/2016
Reeditado em 20/04/2016
Código do texto: T5611156
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