Um idiota na selva

O idiota não é amigo de todos que conhece.

O idiota é amigo de todos de quem se aproxima.

Em sua idiotice, acredita que todos o amam de volta

e, porque todos lhe recorrem, pensa contar com a recíproca.

O idiota perfeito só não existe porque é uma imperfeição em si.

Entretanto, ele, o idiota faz o mal a si próprio para fazer o bem.

É uma classe que, ao longo prazo, tende a se extinguir.

Extinguindo-se, leva consigo toda uma classe de parasitas mal acostumados.

Assim é o político bem intencionado.

Embora muito raro, na política também os encontramos.

Os idiotas que se comprometem por objetivos comuns;

Os políticos que só o são por convencimento alheio

e estão ali em busca de um bem maior, entretanto, perdido.

Perdido desde o momento em que assinou a ficha de filiação,

ou desde o momento em que fora eleito pela agremiação escolhida.

Perdido em compromissos partidários que em nada lembram o seu ideal.

Não raro, esse é o político condenado.

É o "pego com a boca na botija";

É o que produz provas contra si;

É o que assume responsabilidades "em nome da causa";

Ele talvez seja o líder oficial da matilha,

enquanto os verdadeiros lobos se refestelam da melhor carne;

Ele será jogado ainda vivo, mas ferido e indefeso

ao mais pérfido covil encontrado na selva.

O idiota na selva nunca se salvará,

nem sairá dela mais forte como lhe dizem;

O idiota morrerá não apenas no corpo.

Ele perderá sua alma e qualquer legado,

qualquer menção na história será manchada.

Isto se o líder de fato não fizer questão

de se autoproclamar inocente sob os holofotes,

ou em silêncio, cercar-se da auréola dos santos.