Rosas Roubadas.

Saltávamos muros e grades de casas onde haviam roseiras para roubar rosas...

Rodávamos as madrugadas à pé neste intento...

Escolhíamos e colhíamos a dedo as mais belas e cheias...

Furávamos os dedos em seus espinhos na maioria das vezes...

Parávamos nas lanchonetes para pedir guardanapos e caneta...

Ali, sentados, rindo muito das aventuras, escrevíamos frases feitas de amor...

Escrevíamos tantos bilhetes conforme a quantidade de rosas colhidas, e os enrolávamos nas rosas...

As mais belas continham as frases manchadas com o sangue de nossos dedos e com o coração de jovens apaixonados...

Após todo esse percurso, escolhíamos as casas onde aquela garota que mexera com nosso sentimento seria premiada com a rosa roubada e o bilhete manchado...

Mais escaladas, pois queríamos deixar tudo na porta de entrada ou sobre as cadeiras do alpendre, denotando nossa ousadia e o desejo de uma resposta, um olhar que fosse, no dia seguinte...

Seria a conquista...

O melhor bilhete, a rosa mais perfumada, a destreza da escalada...

Tudo no intuito pueril de um amor de juventude...

Não existiam celulares, internet e, por consequência, seus atributos...

Líamos Lord Byron e Goethe durante o dia debaixo do pé de goiaba na estrada do matadouro...

Vez ou outra chorávamos de emoção...

Já na cama...

Alta madrugada...

Sonhando com a possível amada...

Cristiano Covas
Enviado por Cristiano Covas em 25/04/2016
Código do texto: T5616189
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