Rosas Roubadas.
Saltávamos muros e grades de casas onde haviam roseiras para roubar rosas...
Rodávamos as madrugadas à pé neste intento...
Escolhíamos e colhíamos a dedo as mais belas e cheias...
Furávamos os dedos em seus espinhos na maioria das vezes...
Parávamos nas lanchonetes para pedir guardanapos e caneta...
Ali, sentados, rindo muito das aventuras, escrevíamos frases feitas de amor...
Escrevíamos tantos bilhetes conforme a quantidade de rosas colhidas, e os enrolávamos nas rosas...
As mais belas continham as frases manchadas com o sangue de nossos dedos e com o coração de jovens apaixonados...
Após todo esse percurso, escolhíamos as casas onde aquela garota que mexera com nosso sentimento seria premiada com a rosa roubada e o bilhete manchado...
Mais escaladas, pois queríamos deixar tudo na porta de entrada ou sobre as cadeiras do alpendre, denotando nossa ousadia e o desejo de uma resposta, um olhar que fosse, no dia seguinte...
Seria a conquista...
O melhor bilhete, a rosa mais perfumada, a destreza da escalada...
Tudo no intuito pueril de um amor de juventude...
Não existiam celulares, internet e, por consequência, seus atributos...
Líamos Lord Byron e Goethe durante o dia debaixo do pé de goiaba na estrada do matadouro...
Vez ou outra chorávamos de emoção...
Já na cama...
Alta madrugada...
Sonhando com a possível amada...