A noite que se deveras segue é a de um libertador, sangrando de óleos ardentes enchidos em tambores surdos, em cegas tampas de granito forte, de amôr que enterro na madrugada sem esperar a alvorada sem esperanças de mais covas. E choro ao chão insulto de rosto maculado pela cinza do ar insepulto dessas horas dormidas. Sofro pelo este penar que me faz choramingar por temores furta-côres e silêncio nas ruelas vagas.
Noite que libera a fria e abissal vontade do sonhador que dorme mal. Onde a morte me sorri com a noite refugiada, onde sou menos que inseto humano ou caridoso, A liberdade insone dos loucos que vêem através do escuro breu. Que antecede as lágrimas de outros sofredores noturnos, onde de cinzas é feito o parvo felino negro que transita em becos. Me livro de mim mesmo na escuridão iluminante de sentidos. Morrendo talvez a cada hora desta matina libertina...
As horas que deliciam os ponteiros do relógio velho, na praça e na catedral sem nome, na avenida de desigual nomenclatura infeliz. e as horas são instantes sem grilhões que há muito desafiaram memórias
deste mundo exterior. E meu amôr se resguarda como líquido no vácuo dos dissabores. Eu mentiria por um pouco de verdade iluminada que me desse esperanças bisonhas...afe, se pudesse!
Amei em certos minutos diante dessa livre escolha desse anoitecer que me faz dizer mais, com à mercê de plagiadores que dessem valia ao que comentei, as minhas palavras nesta madruga insípida. Esqueço de revoltar a vela sem chama e acendo com revoltada chama de fósforos inseguros. Minhas mãos se encontram na lembrança e meus dedos gelam ao anoitecer interminável liberado. E meus olhos se acostumam à negritude da tarde anoitecida desde há muito.
E a noite corre célere, num devagar estético em conluio com o céu escurecido sem estrelas vistas. Meu calor está agora na alma, talvez ao coração sonante, enebriado por essa vontade de dormir sem a Lua desaparecida. E amanhã vacilante, com ela a voltar depois, eu já estarei mais longe dessas ruas, avenidas, lugares maus sem centro ou subúrbios. Noite veloz sem condução, varrida por ventos calados, assim a sentir que em algum lugar rodopia frações de tempestades sem chuva. Mas meu lamentar embuste se transtorna com o vendaval sem confortos, sem esmolas, sem pecados inúteis. Lacrimejo certo de que chorei no crepúsculo pra brindar esta noitada que não acaba jamais...
Uma sombra se passa na calçada infame e suja pelo povo que perambula, gente nem solene demais ou desumanos quando dão as costas ao vento que os castigam e só escutam lamentos mendicantes.
O que assemelha a sonho é o combustível do alheio sentir cansaço. Contudo a minha poesia urbanista declina na noite carregada de fúrias sem envoltórios cutâneos que se ferem. Sei que de algum modo a ferida do vento sem nome se debruçará nesta noite ferozmente muda e dará seu charme ao amanhecer traído por ontem, sem ser uma noite qualquer que me faleceu comigo...
.

      "Ao libertar a cerração da noite sutil. esconde-se as feras domesticadas"
Jurubiara Zeloso Amado
Enviado por Jurubiara Zeloso Amado em 07/05/2016
Reeditado em 07/05/2016
Código do texto: T5628428
Classificação de conteúdo: seguro
Copyright © 2016. Todos os direitos reservados.
Você não pode copiar, exibir, distribuir, executar, criar obras derivadas nem fazer uso comercial desta obra sem a devida permissão do autor.