Fotos; um fato: Tempo e temporal.

Gosto de fotografias antigas.

Ali o tempo não apaga, o tempo não passa, não muda o que não devia mudar...

Gosto de fotografias antigas domando a eternidade...

Nas fotos o silêncio fala e o coração só sente; ninguém diz o que não devia; ninguém se desconhece... Gosto de fotos antigas... Nelas somos todos iguais.

Fora das fotos o tempo passa, os sorrisos murcham, as coisas mudam, a vida se estranha e muitos se perdem... Muitos, aliás, aceitam perder-se, muitos minguam, muitos passam, se temporizam... Num flash.

Fotos; um fato: Tempo e temporal.

A vida podia ser uma fotografia, daquelas numa manhã de sol e festa, em que risos e mãos se unem, onde detalhes são só detalhes e diferenças e distâncias quase não existem além dos olhos...

A vida podia ser uma fotografia que a gente pudesse guardar com cuidado, num álbum encadernado, com fitas e enfeites. Aí qualquer hora era só ter a vida na mão, pra olhar e sorrir e lembrar e sonhar que o tempo nunca existiu...

Mas a vida não é uma fotografia, nunca será... A vida está aí pra esfregar nos nossos dias o efêmero, o tempo e a saudade...

Fotos também rasgam. Tempo e temporal.

A vida está aí pra dizer que somos muito felizes, embora infelizes donos do presente; e o presente é um álbum de fotos que a gente ainda não aprendeu a guardar... Nem valorizar... Ainda não.

Afinal, pra guardar o que não se deve perder, pra guardar vida de verdade, ainda, só existe o coração...

Victor Nogueira
Enviado por Victor Nogueira em 10/05/2016
Reeditado em 10/05/2016
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