Ícaro

Fiandeira da saudade, fiei penas de amor com a infinita paciência da ilusão; teci asas sonoras de paixão, inconsistentes, etéreas... Com a cera macia do teu olhar, colei-as no meu dorso e não percebi a sua fragilidade!

Senti-me poderosa, capaz de vencer o mundo, elevar-me nos ares e libertar-me...

Olhei o sol escorrendo dos teus dedos e voei em sua direcção. As minhas asas fracas bateram devagar... Quando lá cheguei, já a cera do teu olhar derretera deixando as minhas asas soltas. Nos teus dedos brilhavam os últimos raios de um sol que se apagava para mim... mas o seu calor ainda foi o suficiente para me fazer despenhar...

Em queda livre, desci... estatelei-me na angústia de te saber iluminando outro lado do Mundo...

Ícaro da saudade...

goretidias
Enviado por goretidias em 13/07/2007
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