Meu amor, Clorofila
O que lhe fiz de mal Clorofila?
Por que me manténs à distância?
Por que desdenhas meus tratos, carinhos, cuidados,
com tão absurdo silêncio?
Antes dissesses que nunca!
Será que me tens por lunático?
Ai de mim, Clorofila
que assim de súbito,
dei de lhe chamar.
Que olhos mais lindos os teus!
Quem dera meus versos tivessem outro norte.
Não foi por mero conselho que acordei pra te amar.
Foi por não entender por que não te querer.
Acho que o coração quando ama não descansa
enquanto tem esperança.
Já vai longe a primavera, Clorofila e os meus olhos
inda estão em novembro, contemplado a poesia
com que entrastes no meu coração.
Sabe, minha vida, não sei como vês meu amor,
se nele acreditas, mas sei que sabes
que falo contigo.
Porque não cabe em peito algum tamanho amor
para viver escondido.
Tampouco é justo conter esse amor
sem ser declarado.
Guardo os meus sonhos do sol
para que não sequem na areia
como as estrelas do mar.
Lanço-os de volta ao oceano, imenso...
Quem sabe o ciclo das ondas
num ponto qualquer de
infinitas léguas de praia,
te encontre brincando de lua
e deite um deles ao menos
ao colo de ti, meu amor, Clorofila.