Ponto futuro
Vem comigo brincar de esperança.
Ser luz simplesmente, sem muitas lembranças.
Vem que te espero descer das estrelas
ou voltar de uma aula de literatura.
Derreter tuas duras com outra peraltice
como andar destrambelhado
por sobre os telhados
e gritar o teu nome ao dia.
Vislumbrar criança o ponto futuro
espreitando nossos olhos
por detrás do muro
antes que o sol se vá pro oriente.
Vem brincar nesses versos, menina,
viver intensamente a poesia.
Enovelar-nos em nossa condição...
Homem e mulher no amor,
crianças no resto da vida,
reciprocamente necessários.
Embriagar-nos em fusos horários
quando acordarmos-nos em outras línguas
depois de um teletransporte
numa aurora mais fria que o sol poente.
Nos olharmos de frente
com olhos cheios de remela,
as mãos espalmadas
“pirulito que bate, bate...”
E vamos nós de mãos dadas
caminhando sobre as águas
levitando na relva.