Cenas de anjos

Enquanto Alice se lamentava, perante o altar da igreja, outras coisas aconteciam lá em cima.

Um anjo olhava para o outro, aparentemente enfadados, sabendo que a qualquer minuto, poderia se dar uma tragédia. Daquelas que acompanham o homem desde que o mundo é mundo.

Alice nunca entendeu o por que do olhar terno e sempre disponível dos santos do altar, e pensava em como aquelas figuras de barro, poderiam ajudá-la em qualquer coisa que fosse. De qualquer forma, era melhor se apegar ao barro, do que a coisa alguma. E assim, continuava sua oração lamentosa, que se elevava pelo altar afora, chegando até o limite do desconhecido.

Os anjos, agora, se moviam sinuosamente através das figura antropomórficas e enfeitadas da igreja, pensando que coisas como aquilo, se dariam por muito tempo, até o fim prometido há muito.

Um olhava para o outro agora, em lados opostos, e um deles, se lembrou da piada corrente no inferno que dizia: "O diabo não é tão feio quanto se pinta".

O anjo de maior hierarqui entre os dois, se aproximou de Alice, e sussurrou algo em seu ouvido.

Esta, sabendo-se agora indefesa contra o mundo, resolveu tomar a decisão mais cabível.

Contemplando o rosto de Cristo crucificado, sacou de sua navalha e rasgou sua própria garganta, caindo em seguida, aos pés de uma santa.

Os dois anjos se esgueiraram igreja afora, sumindo logo em seguida pelo meio da multidão.

O corpo, permaneceu por algum tampo alí no chão, até que o padre chegasse e contemplasse com horror aquela cena.

No Outro lado da cidade, um cidadão gostaria de ter asas. Observava o chão, do vigésimo quinto andar do prédio em que trabalhava. E por estar feliz, é que imaginava o que poderia acontecer se ele pulasse. será que com ele seria diferente?

Os dois anjos, mais enfadados que antes, aparecem como fumaça, e continuam sua profissão maldita...

EDUARDO PAIXÃO
Enviado por EDUARDO PAIXÃO em 14/07/2007
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