Cenas de anjos
Enquanto Alice se lamentava, perante o altar da igreja, outras coisas aconteciam lá em cima.
Um anjo olhava para o outro, aparentemente enfadados, sabendo que a qualquer minuto, poderia se dar uma tragédia. Daquelas que acompanham o homem desde que o mundo é mundo.
Alice nunca entendeu o por que do olhar terno e sempre disponível dos santos do altar, e pensava em como aquelas figuras de barro, poderiam ajudá-la em qualquer coisa que fosse. De qualquer forma, era melhor se apegar ao barro, do que a coisa alguma. E assim, continuava sua oração lamentosa, que se elevava pelo altar afora, chegando até o limite do desconhecido.
Os anjos, agora, se moviam sinuosamente através das figura antropomórficas e enfeitadas da igreja, pensando que coisas como aquilo, se dariam por muito tempo, até o fim prometido há muito.
Um olhava para o outro agora, em lados opostos, e um deles, se lembrou da piada corrente no inferno que dizia: "O diabo não é tão feio quanto se pinta".
O anjo de maior hierarqui entre os dois, se aproximou de Alice, e sussurrou algo em seu ouvido.
Esta, sabendo-se agora indefesa contra o mundo, resolveu tomar a decisão mais cabível.
Contemplando o rosto de Cristo crucificado, sacou de sua navalha e rasgou sua própria garganta, caindo em seguida, aos pés de uma santa.
Os dois anjos se esgueiraram igreja afora, sumindo logo em seguida pelo meio da multidão.
O corpo, permaneceu por algum tampo alí no chão, até que o padre chegasse e contemplasse com horror aquela cena.
No Outro lado da cidade, um cidadão gostaria de ter asas. Observava o chão, do vigésimo quinto andar do prédio em que trabalhava. E por estar feliz, é que imaginava o que poderia acontecer se ele pulasse. será que com ele seria diferente?
Os dois anjos, mais enfadados que antes, aparecem como fumaça, e continuam sua profissão maldita...