Dos mortos que nos habitam (Para Jung)

Ouçam, filhos das rachaduras do Ovo Cósmico
Que habitam sua clara que se fez Terra:
Não se descuidem em sua tecnocracia globalizada
Da irada vigilância dos olhos de fogo de Rá.

Adoradores do deus-porco,
Encurvados sob o peso do pecado original,
Não se esqueçam, em suas explorações comerciais do sistema solar,
De que são descendentes dos rastreadores de oráculos proibidos
Que intuíam da mudança do cheiro da terra o destino de suas tribos.

Herdeiros atormentados de um deus louco
que comia os próprios filhos,
Ajoelhem-se diante do apelo de Tupã, que fala através do vento,
Para que não fechem mais seus olhos e seus corações
A seu passado de incestos e amores proibidos
Entre a casa grande e a senzala,
E curvem-se ao mágico sentido da imortalidade,
Impresso no código genético da sua espécie.

Que eu falo em nome daqueles que vivem nos seus sonhos
E lhes levam além, onde não há barreira de tempo e de espaço
- ainda que vocês estejam dormindo.

"Eu sou uma resposta às perguntas dos meus antepassados". Carl Gustav Jung
Fátima Castanheira
Enviado por Fátima Castanheira em 28/05/2016
Reeditado em 28/05/2016
Código do texto: T5649850
Classificação de conteúdo: seguro
Copyright © 2016. Todos os direitos reservados.
Você não pode copiar, exibir, distribuir, executar, criar obras derivadas nem fazer uso comercial desta obra sem a devida permissão do autor.