do outono 2

Sim, fui ser um pouco telúrica. Cravar o outono na borda das pétalas engrossar o caule e percorrer líquido veia azul alada até a ponta de uma lua um monte uma árvore. Outono tem dessas coisas... de me nascer enquanto viva. Folha que fulge dançarina tremente num crepúsculo azulirico febril de céu incendiário. Roçar o couro aromático amargo e salobro na pastagem verde de sangue corando a cara da noite quando a noite também fui eu. Como uma cabra na colina um suicida sobre a ponte. No outono. A folhagem como uma língua nua vermelha grená cai. A boca do barro aberta, me abri à terra bebi teu húmus criei carne como quem pesa sobre o corpo nu da terra. Tudo em transição captura indomada. E se alimenta pois que ainda se fez carne. Embora haja mais luz. Folha se desprendendo da abóbada, deitando ares, descendo abismos da copa da árvore, roçando o chão, ágil argila alisando o tato, raízes se arrancando desde a infante experiência, arando o tempo. Sim, fui ser telúrica.

Fiz queimadas. E de nova estação tornarei a crepitar chama e velar fogo na respiração de tudo o que se inicia.

Os vazios estão cheios de vazios e tudo se fez vão. Assim preencho tudo com meu Ser. Desde a imponderável essência.

Alessandra Espínola
Enviado por Alessandra Espínola em 11/06/2016
Código do texto: T5664531
Classificação de conteúdo: seguro