Aquela paz

Eram os olhos negros e penetrantes de outrora. Aqueles mesmos. Presentes, dispostos, confiantes. Os olhos daquele que ainda carregava com singeleza nos traços a sinceridade de um menino.

Ele gostava de azul. Tom de céu. Anjo da noite. Se era poeta, desconhecia, nunca teve atrevimento de se considerar estrela, apesar de, sim, ser, mas uma radiante luz para encaminhar meus olhos aflitos até o sol voltar.

E o sol voltou. Desbotado. As nuvens todas pareciam feitas de algodão, como se esperassem inspirar uma bucólica aquarela tendo como cenário a cidade cinza, as variações cromáticas da solidão.

Tão diferente daquele vívido azul da sua blusa, do céu de brigadeiro, do mar cristalino cujo vaivém das ondas acariciou a solitária areia.

Aquele beijo impresso numa folha de papel estalou na alma antes de estremecer o corpo.

Foi, ainda assim, um suspiro contido pela intermitente timidez, amiga do café e dos versos anônimos...

Noutra ocasião poderei falar que esses olhos grandes e cintilantes desvendam a alma com tanta profundidade que são capazes de chorar as lágrimas que ainda nem nasceram e rirem da minha parca habilidade para a poesia.

Boa noite e também uma boa quarta-feira a todos os amigos recantistas.

Marisol Luz (Mary)
Enviado por Marisol Luz (Mary) em 15/06/2016
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