A viagem

O sol invade o meu quarto, já é de manhã, o espelho reflete o verde do campo, as montanhas e o azul do céu. Levanto, vou em direção a janela, abro-as e a leve brisa bate em meu rosto cansado, mas, as energias do ar em meu corpo o recompõe.

Desço ainda de pijama, arrumo a mesa para o café, a rotina é sempre a mesma, logo, vejo descendo as escadas, o meu amor, aquele que fez nascer em mim o maior sentimento do ser humano, este é o meu filho, é este o motivo de viver, de estar educando, ensinando e amando aquele ser que é uma parte de você.

Adolescente forte em seus sentimentos, decidido e acima de tudo, saudável e feliz. O que quero somente é ver-lhe feliz, sei que não estará comigo por muito tempo, mas, enquanto isso, os nossos momentos vividos serão como pedras preciosas, serão guardadas com todo o cuidado e relembradas com muita emoção.

O tempo passa... ele cresceu e eu envelheci, os anos pesam, sinto dores, já não só o mesmo com tanta vitalidade. Meus olhos já não enxergam mais, minhas mãos não são mais firmes, meus passos já não são longos e nem rápidos, minha memória já sente o tempo as falhas ou às vezes, as lembranças não existem.

Estou chegando ao fim, meu espírito implora para desprender-se de suas correntes, e o meu filho, neste momento não está comigo, sua vida é outra, está casado e feliz.

Vejo-me em um túnel cheio de luz, uma paz tranquilizadora, nunca sentida na Terra. Estou bem, agora encontro-me numa colônia onde estudarei e esperarei a chegada daquele que amei, meu filho.