O Adeus de sempre....

... E as paredes do quarto pareceram tão enormes... que lhe comprimiram. Pareceu tudo tão escuro, tão dolorido.. Teve a nítida impressão de que estava sobrando. Sobrando naquela casa de paredes brancas... até mesmo no seu quarto de paredes amarelas. Amarelada vista.. sorriso amarelo... dentes foscos. Chegou a ver o rosto de olhos faiscantes... lhe desdenhando. A menina se sentiu mais menina ainda; mais desprotegida. As dores eram tantas, talvez não bastantes.

As lágrimas brotaram, faceiras. Nem o Cristo lhe apareceu de braços abertos.Triste, triste.... As palavras lhe diminuiram. Os sentimentos faiscaram, como os olhos, antes chapiscados por ternura. Agora, tudo em greve. Os sentimentos estacionaram na avenida, estáticos, nervosos. Criteriosamente lhe pareceu que o dia não escolhia um jeito de brilhar. Nem seus olhos sorriram.

Pensou que se fosse embora sorrateira talvez parecesse mais fácil. Pensou seriamente nessa idéia. Teve certeza de que nada poderia ser mais dolorido. Nem era. Olhar-se parecia magoar-se. Os conflitos cresciam. Os confrontos se multiplicavam. Sempre em férias. Sempre férias era a forma de estarem próximos e mais distantes ainda. O cotidiano aplacava os momentos e fingia estar tudo nos mesmos lugares. Não estava. Nem havia mais lugar pra ela. A casa era pequena demais.... As paredes, já amareladas....

Buscou o ar: que não veio. Buscou ainda versos, que lhe acalmassem o futuro, tão próximo e tão evidente. Acabou. Um nó(s) na garganta ficou preso, como se o fim fosse ainda tão inacreditável. Mas era.