Tratado da tempestade cerebral

Faz um tempo que não escrevo...

Um humano disposto a voar. Aonde encontrar alguém com tamanha coragem?Onde procurar? Crescer. Será a resposta para minhas tantas palavras interrogativas?

Um vaso que se quebra. As palavras que se reorganizam. Os cacos que colo em todos os momentos que faltam minhas flores.

Minhas flores. Saudades de épocas em que não vivi. Dores de épocas em que sobrevivi. Amor a esta vida que vivo. Sim, saudosamente viva. Já tenho pelo que morrer.

Por onde andei palavras repetidas. Sonhos, sonhos, sonhos... Preciso usar minhas pernas enquanto ainda as tenho. Preciso exercitar minhas asas nos meus devaneios mais profundos.

Hoje fiz um desenho no asfalto. Hoje me derramei no asfalto.

Não. Eu não te empresto meu caderno de tolices, e não devolvo tua imaturidade...

Sonífera, devaneio...

Talvez apenas um escape. Talvez apenas mais um talvez escrito.

Não saio desse mesmo mote: metalinguagem. Metalinguagem que se derrama numa fotografia louca de minhas retinas. O que meu olho reflete. O que meu ser mais sente. Ressente. Reflete. Pressente. Meus dez sentidos.

Os sentimentos do mundo.

Mais duas folhas. Mais milhares de reticências. E um enorme ponto de interrogação nos próximos minutos.

A esperança do ser humano me encanta. A fé de que há um amanhã me comove.

Vivemos na noite escura. Assim como crianças pedindo pela mãe no mais íntimo,... No âmago do amargo âmago.

Sim. Ela diz palavras e escreve muitas outras que parecem ser destinadas ao futuro.

Ela guarda nestas folhas o que aguarda. Ela tem sim a esperançada espera do humano. A ânsia de infinito a domina. Humana demais. Até mesmo doente ou patética.

Quero não falar de mim.

O que me intriga e me atrai. Meu ventre se retrai. Contrai.

Encontrai o teu caminho moça bonita, o amanhã pega fogo e as maçanetas das portas logo ficarão muito quentes para que tu abras. Corre garota. A dor é muito mais produtiva que o sorriso. È na dor que tu encontras inspiração.

Mas que dor inominável é essa?

De onde vem?

A dor de ser humano. Ser humano: Meio doença, meio profundo. Quase cheio. Meio vazio. Meio fechado. Meio aberto. Meio a meio nesse meio ambiente escroto. Nessa escuridão mundana que anos, séculos e tijolos ou livros empoeirados esmagam numa penumbra de fumaça nociva e doente. Meio doente. Doentio.

Acorde! O amanhã. O infinito. È pior que pensar no infinito. Talvez... Talvez...

Fiz um desenho no asfalto.

Os olhos.

Aos teus olhos distraídos.

Laís Romero

Laís Romero
Enviado por Laís Romero em 17/07/2007
Código do texto: T568231