Segunda cena de anjos

Nem que o tempo quizesse, o espírito de Marianne poderia ser tranquilo.

isso, porque os tormentos da ociosidade, a impeliam para a guerra constante, fossem contra o mundo, fossem contra si mesma. E nesse eterno desejo de matar o tempo, para esquecê-lo, é que Marianne se sentia o próprio braço de Deus. Uma pessoa não mata por acaso, se não for por um bem maior.

Os anjos, mesmo os maus, são neutros. Cumprem desígneos. Então, seriam algo que não é nem bem nem mal.

E sendo Marianne orientada por aquilo que ela não via, como poderia ser culpada de alguma coisa?

E dessa forma, é que Marianne, em seu eterno enfado de viver, como que com cordas que pendiam seus membros, atravessou a lâmina na garganta de seu cafetão. Este, que transformava sua cara num pandeiro diariamente, e que lhe fez o favor de viciar em maconha.

Marianne sentia que perto dela, os dois fumacentos também não sentiam grande prazer no que faziam, pois a morte é bem menos fascinante para quem nunca esteve do lado de cá.

Os saltos dela, faziam barulho pela alameda escura...

Seu cigarro vagabundo se espalhava pelo tempo. Junto com a fumaça dos anjos que, naquele momento, riam um pouco de todo o ridículo da situação.

EDUARDO PAIXÃO
Enviado por EDUARDO PAIXÃO em 17/07/2007
Reeditado em 17/07/2007
Código do texto: T568328