BAILADO DA CANETA
BAILADO DA CANETA
Escritora ou poetisa não sou,
mas, amo minha caneta,
amo as letras...
Meus pais educaram-me,
meus professores ensinaram-me,
meus mestres iniciaram-me,
na vida, na escola, na estrada,
no caminho, na jornada,
no Templo...
Sei falar, sei escrever,
sei responder e defender,
quando chamada a falar ("ad vocare")...
Mas, escritora ou poetisa, não o sou...
Contudo, quando minha caneta baila
um minueto de Mozart,
ou uma valsa de Straus,
é chegada a hora de minha dextra
abraçá-la com carinho,
porque, ao longe, chora uma alma...
E nós duas, bem unidas,
minha caneta e eu,
apresentamo-nos diante dela,
no palco do caderno,
para a alma que chora ser consolada e
transformar suas lágrimas...
E só para ela, no improvisado palco,
nós dançamos...
E, em artística coreografia,
extraída do âmago de nossas mentes
e de nossos coraçaões,
desenhamos letras,
desenhamos notas musicais
em pentagramas,
ou em mântricos ragas hindus...
E tudo em amoroso passo e compasso,
sob não menos amorosa clave,
clave que se faz chave,
chave que abre o coração
daquela alma triste...
E mais um pouco de precioso tempo,
suas lágrimas de dor transmutam-se
em lágrimas de alegria...
Finalizando o concerto,
para aquela alma querida,
já não melancólica,
recitamos estrofe de saudoso mestre,
Venerável Francisco dos Santos, que diz:
"lágrima de alegria e de dor,
de dor e de alegria,
da minha vida para este amor"...
Maria Deonice Sampaio Costa
Fortaleza, a l8 de julho de 2007