Meu guarda chuva amarelo
Estava atrasado
Era uma quinta, tempo nublado.
Saí de casa munido de casaco, inseguranças e meu guarda-chuva amarelo.
Passei em frente a um bar cuja fachada estava em obra.
Em meio a pessoas trabalhando e famílias almoçando,
Vi uma menina entregando o papel a um dos operários
"Desenhei você, moço"
E, sorrindo um poema translúcido de felicidade, simplicidade e gratidão, o homem devolve
"Vou guardar esse no coração"
Mais adiante, passei em frente a um banco.
Reparei (acidentalmente) no morador de rua que ali vendia paçoca
Cumprimentei-o
"Boa tarde, quanto custa cada uma?"
E, de pedinte a professor, recebi uma aula de gentileza, amor e humanidade como resposta
"Pela simpatia, essa não custa."
No fim do trajeto, meu atraso já não era relevante
E, quando dei por mim, fazia sol.
Enfim, restavam-me apenas um casaco, esperanças e meu guarda-chuva amarelo.