SEIVA

Você disse: tempo, e, como num sonho, a face lisa da tarde escureceu a sua espera.

Eu murmurei: agora. Súbito, a terra abraçou meus pés num único movimento, e eu me tornei paisagem para seus olhos baços.

Alguém que passava exclamou: chuva! E um temporal de desejos desabou sobre o frágil celeiro do medo, arrasando a colheita da dúvida naquela estação.

Quando eu ressecar no esquecimento, me enterra. Quero sonhar de novo com a força da semente.

Se eu insistir na infertilidade, corta-me, ceifa-me, lança-me ao rio, que lá eu volto a ser tenra, não mais casca aparente, mas medula viva solvente.

ROSE VIEIRA
Enviado por ROSE VIEIRA em 01/09/2016
Código do texto: T5747467
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