SEIVA
Você disse: tempo, e, como num sonho, a face lisa da tarde escureceu a sua espera.
Eu murmurei: agora. Súbito, a terra abraçou meus pés num único movimento, e eu me tornei paisagem para seus olhos baços.
Alguém que passava exclamou: chuva! E um temporal de desejos desabou sobre o frágil celeiro do medo, arrasando a colheita da dúvida naquela estação.
Quando eu ressecar no esquecimento, me enterra. Quero sonhar de novo com a força da semente.
Se eu insistir na infertilidade, corta-me, ceifa-me, lança-me ao rio, que lá eu volto a ser tenra, não mais casca aparente, mas medula viva solvente.