Colecionador de almas
O mar se agitava com a lua cheia.
Dom, com os pés descalços, podia finalmente sentir o roçar da areia da praia em seu calcanhar. Isso o ajudava a relaxar.
As pegadas ao seu redor eram apagadas com o dançar das ondas.
Subitamente, as marcas do passado começaram a sussurrar seu nome.
“Dom! Dom! Eu sei que pode me ouvir. Dom!!”
O colecionador de almas, dessa vez, não se importava mais com o que ouvia.
Quando pequeno, se acostumou com visitas noturnas, e conversas aos pés do ouvido.
“Dom! Dom! Sabemos onde está!!!”
Ele continuava admirando a areia em seus pés. Na verdade, ele observava o tamanho das pegadas com o tamanho dos seus pés, e ali, ele percebia que eram as mesmas.
Dom, na verdade, colecionava agora lágrimas. E no seu funeral, os únicos que estavam ali eram aquelas almas que ele fez questão de guardar numa compoteira de cristal.