CHUVAS NO SERTÃO

CHUVAS NO SERTÃO

A saudade balança o coração da criançada na sombra suave de um grande Juazeiro. Revivi os tempos de criança levada, das sombras de onde surgia o sol como um luzeiro, bem ao longe a casinha de minha namorada, branca, caiada e com aspecto de uma nuvem altaneira. Dois pés de coco e duas bananeiras balançavam anunciando esperanças. O sertanejo em meio à multidão corria para se abrigar daquela ventania, mal sabia que uma forte chuva se formava, e as nuvens escuras quase beijando a vegetação levava para junto deles um belo orvalho, que em contato com a terra norteava as esperanças de quem esperava por algo abençoado.

Era chuva, muita chuva que mudava a psicosfera e a onomatopeia parecia uma orquestra, pois todas as aves formaram uma orquestra para receber as bênçãos divinas. O inverno trazia alegria e fenecia a dor a luz da vida, onde o bem estará sempre presente. Haverá momentos de alegrias, silêncio e preces altaneiras e renovadoras, de ingredientes de paz, de dulcificação de mãos misericordiosas, nos caminhos da libertação das masmorras. Essa história não é brincadeira e nem fruto da imaginação é algo notável que transbordam alegrias no sertão.

Chuva, chuvinha e chuvarada alegra a negrada, pode ser mansa e serena, caindo levezinha ou com uma força tremenda, pois as grandes barragens receberão o líquido abençoado que vem do céu. Chuva que molha o pelo do gado que escorre pelo nosso telhado amenizando o clima quente e proporcionando um sonho acalentador. As nascentes dos rios brilham de contentamento, pois a água corre em ritmo acelerado mudando toda a paisagem do lugar. É hora de plantar e a colheita será certa, as sementeiras germinarão e a terra tomará um cheiro suave de modo salutar.

De alma lavada o sertanejo contempla o céu e faz o sinal da cruz agradecendo as forças divinais por um ano esplendoroso onde reinará a fartura, e não haverá sofrimento e nem fome. É como a ressurreição que faz renascer a fé em nossos corações. As crianças terão alimentos em profusão e o sertanejo à alegria estampada em seu coração. Deus pai de todos e dos inocentes também não deixe que o inverno almejado e abençoado nunca abandone a gente e que essa alegria dure eternamente.

ANTONIO PAIVA RODRIGUES-FORTALEZA/CEARÁ

Paivinhajornalista
Enviado por Paivinhajornalista em 17/09/2016
Código do texto: T5763847
Classificação de conteúdo: seguro