O som da minha rua

São tantos os ruídos da minha rua! Sempre me irritaram, mas hoje parei para ouvir, ou tentar, porque é uma mistura infernal.

Ouço um pandeiro, monótono tum tum tum....

Umas quinze melodias misturadas, não dá para reconhecer, lutam entre si cada uma lutando para se fazer ouvir. Uma criança está reclamando aos berros, um adulto retruca impaciente.

Alguém bate a porta do carro, uma moto passa a todo vapor.

Os cães inquietos acompanham o burburinho latindo vez ou outra, os gatos, esses não dão trégua, namoram a noite inteira, e usam o dia para dormitar em cima dos muros, na certa armazenando energia para a noite.

Um bêbado passa cantando a plenos pulmóes, acirrando o ódio do vizinho que já não aguenta mais, o bêbado escutou tudo que estava preso na garganta. Eu aproveito a deixa e grito também, não para o bêbado, mas para o pandemônio que se instala no fim de semana. Solto o verbo, mas sem palavrões, dou uma lição de cidadania, só percebo fazendo coro com os barulhentos quando alguém grita me mandando calar a boca.

Entro e morro de rir, è nisto que dá as mudanças bruscas, sem pensar. Sem ouvir o conselho bíblico de calcular os custos antes de construir uma casa. Tenho dito! Vou dormir no embalo da loucura.

Arabela Figueiró
Enviado por Arabela Figueiró em 18/09/2016
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