PRECISAMENTE
Não consigo precisar a vida.
De que modo, então, haveria de precisar a ti?
Mas, doutro modo, preciso-lhe a todo instante;
A cada pensamento, ao menos -
Ao menos, quando o pensar é deveras pensamento.
(Ah, que passe tudo, que passe a vida.
Não há nada como a passagem das horas
E o tédio e a incerteza disto.)
Mas, ah! Não há precisão no que faço, sequer no que não faço.
Há precisão, apenas, no involuntário.
Meu pensamento é involuntário;
E não penso, senão em ti.