Fim

Menos é mais. Deveríamos saber lidar com as nossas cargas ou saber quando os nossos fardos se tornaram maior que os nossos ombros.

Chega um tempo em que é o fim.

Para uma semente florescer, antes o fim.

Chega um tempo em que é preciso dizer basta. Para todas essas vozes que dita quem devemos ser. Para o padrão que espera algo de mim. De você. E se permitir sentir. E se permitir parar de esperar dos outros. Ouvir sua voz. Aquela voz dentro de nós mesmos que nos convida à calmaria, ler um livro, escutar uma música ou simplesmente aproveitar a tarde debaixo da sombra de uma árvore. Em silêncio. Meu silêncio comigo mesma.

Chega um tempo que é necessário parar pra ouvir o silêncio que ecoa no nosso interior. Tão forte como as ondas do mar em tempestade.

Chega um tempo em que é preciso ser ousado. Parar de negar toda essa intensidade que se carrega dentro da gente. Ousar ser você mesmo. Ousar se desapegar daquelas roupas e objetos que já não tem a nossa cara. Sim, a gente muda. Sim, a gente muda, como mudam as estações.

Sou a minha melhor companhia. Você é sua melhor companhia.

E chega um tempo que é o derradeiro. Quando você percebe que é mais feliz lá fora que aqui dentro. Quando não quer voltar para casa. Ou já não se sente em casa dentro de casa. Ou quando você não tem liberdade para ser você mesmo. Ou quando você aprende, entre incertezas, que nós não significa eu. Ou quando você abre os olhos, como numa manhã de verão, e percebe que não precisa se encaixar no molde do outro.

Deveríamos ser leves como as folhas que voam no ritmo dos poemas. Não esses passos que se arrastam todos iguais.

Chega um tempo que é preciso fazer florescer a primavera guardada dentro de nós mesmos.