Manhã de apocalipse (Aventura humana)

“Para tudo nessa Terra

Há um nome para as coisas”

(Arthur Bispo do Rosário)

Pós-feriado, manhã de quinta-feira; muitos faltaram na véspera.

Hoje, outros tantos não vieram; eu vim...

Logo no portão, percebi que, quem chegou se aglomerou.

Alguns combinavam de cabular o dia.

Outros poucos entrando, pensativos pela escolha feita.

Entrei... Atravessei o pátio, nada ameaçador, de cada dia.

Pareceu-me curto, o trajeto...

Entrei na sala, sentei-me num lugar diferente e...

Adormeci!

A claridade, o ar solene e o silêncio trouxeram-me um sono inesperado.

Sonhei que havia aula...

O professor dissertava afirmações sobre o “fim do mundo”!

Citando Balzac, profetizou...

Por trás de toda fortuna há um crime!

E os criminosos prestarão conta no dia do Juízo Final.

O sábio entende e o justo compreende...

Já o tolo, acredita que está vendo demais! Concluiu.

A aula fluiu, interagi e fui avaliado.

A melhor avaliação que pude ter...

Parecia que, tudo que me perguntava eu sabia...

Ou achava que era muita coincidência saber tantas respostas?

Obtive nota máxima!

Pela primeira vez na vida, obtive o tal 10.

Acordei!

Não ousei movimento.

A sala, fria e vazia; muito clara.

Olhei para frente coçando o olho.

Havia um professor sentado à mesa, escondido atrás dos óculos.

Lia um poema existencialista...

E se contorcia!

Penso que ele...

Só queria encontrar o caminho.

A Arthur Bispo do Rosário (1909 – 1989).

Foi um artista plástico brasileiro identificado e tratado como esquizofrênico paranoico.

Uns, diziam ser ele, discípulo de Marcel Duchamp, artista francês que ele nunca teve contato.

Outros, um homem simples, porém iluminado.

Ele, dizia ser representante de Deus e preparava o “terreno” para o dia do Juízo Final.

Em suas palavras: “O arquiteto do Apocalipse”.

Marciano James
Enviado por Marciano James em 03/11/2016
Reeditado em 11/06/2019
Código do texto: T5812294
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