Mato e Gente

Eu gosto de mato.

Não gosto de gente.

Porque me sinto gente entre o mato

E mato entre a gente

Já viu como as folhas fosfolham quando passamos?

Elas balançam, se agitam...

Como se estivessem animadas com a nossa presença e assim, nos cumprimentam

Já viu como alguns galhos se inclinam para nós, nos saudando?

A gente toda é tão esnobe...

Já viu como levantam o nariz quando passamos? Como viram a cara?

Eu sinto que o mato tem um silêncio respeitoso

A gente toda faz muito barulho, não se escuta

O mato tem vida, até onde não vemos e não sabemos que existe

A gente já se misturou com o concreto das construções, é toda cinza

E eu as vezes brinco de ser mato entre o mato e gente entre a gente

Fico quieto, fecho os olhos, me arvoreio.

Falo alto, olho de cima a baixo, me agentalho.