Textos da meia-noite - Sons

A cigarra que canta lá fora. O pingo que caí do chuveiro. Os cachorros do vizinho que insistem em latir para um gato que passa no muro. Sua perna roçando no lençol. O tic-tac do relógio da sala. Todo esse barulho perturba minha mente. Quando tento me livrar dos sons vem - um suspiro seu mais ofegante. O miado do gato ao fugir dos cachorros. O cachorro que mais agressivo late para atacar o gato. O pingo que agora mais parece chuva a cair do chuveiro. A sinfonia dos insetos lá fora, e um sapo. O relógio que ao dizer meia-noite ecoa doze intermináveis badaladas de um sino. Me vejo dentro do sino. Sinto-me enloquecer. Tudo gira. E esses sons mais constantes se misturam. Se repetem. Aumentam de volume.

E de repente vem um pernilongo e isola o seu som em minha mente. Concentro-me e o percebo próximo ao meu ouvido. Pousou. É a hora de atacá-lo... Pronto. Vejo o sangue quase preto em minhas mãos. Matei!

E com ele se foram todos os sons que estavam dentro de mim.

Jhenniffer Muniz
Enviado por Jhenniffer Muniz em 01/12/2016
Reeditado em 11/12/2018
Código do texto: T5839953
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