poema 2

dos cansaços, dou agrado em forma de sono

e trapo

meus cansaços são de quê... mal sei.

do tempo que me faz escopo e martelo,

torno e pá trabalhando o ser de ser eu tão

dura de pedra

de ser eu tão dura na queda

de queda em quebra

me limo no limbo de era em era

pudera! o tempo é campo de plantação, cultivo e

trato.

à dor não me prendo, senão para o tento de soltar-me em

eterna confusão de cerzir o cordão que sufoca.

dou-me como uma fumaça lançada da boca de hades

da boca dos anjos

da boca da terra em vômito me dou ácido

indigesto paladar de palavra crua dura supra real.

difícil de engolir

tragar-me então!

esse enxofre feito pimenta nos olhos

bomba de efeito voraz feroz

não me resguardo nem parindo

e sendo puta a vida tudo o que se pode extrair

é esse sêmen amargo, como um gole de ti e de mim

sem nem um embaraço que a vida

é corte umbilical!

Rio de Janeiro, primavera de 2016.

Alessandra Espinola

Alessandra Espínola
Enviado por Alessandra Espínola em 05/12/2016
Reeditado em 05/12/2016
Código do texto: T5844051
Classificação de conteúdo: seguro