Um banquete

Toda noite espero. Tomo uma cápsula e espero pela madrugada.

Ela demora. Demora mas sempre vem.

Escrevo versos n’ água e fico desejando-a.

Ela chega, meu desejo se dissipa como fumaça.

Sinto medo, me escondo dela, nela.

Sob uma luz fraca, amarelada, que vem de um poste torto.

Essa luz não ilumina bem a rua, não ilumina as pessoas. Aliás, não há pessoas.

Mas, faz juntar insetos na calçada e cria um banquete para os sapos.

Na madrugada nada é em vão...

Nada é em vão quando se compreende apenas o lado de fora.

Não se pode tentar entende-la por dentro.

Eu vivo só o lado de fora da madrugada.

E ceio faminto junto aos sapos.

Esqueço-me do que é ser gente.

Marciano James
Enviado por Marciano James em 11/12/2016
Código do texto: T5850455
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